...e essa saudade ainda existe. Incrivelmente existe. O que aconteceu, e principalmente o que não aconteceu, foram responsaveis por isso. Todas as promessas, todas as expectativas, era você o centro. Como se a temida gravidade fosse você. Confesso que estranhei muito no princípio. Eu jurei que nunca mais aconteceria isso comigo. Me julgava forte o suficiente pra cumprir este juramento. Eu ainda não sabia que não se resiste ao amor. E cá estou eu novamente, estranhando... Estranhando essa vontade de prometer isto de novo. Pois tudo o que fiz, tudo o que senti, revelou-se inútil no fim. A famosa frase de Fernando Pessoa ainda insiste em gritar-me: "tudo vale a pena, se a alma não é pequena", mas será mesmo? Como ter uma grande alma em situaçoes tão assustadoramente comuns, porém tão inesperadas e decepcionantes? E o que dizer daquele trecho de uma música de Legião Urbana: "quem acredita sempre alcança"? Alcanço? Alcanço mesmo? Me diga, sr. Renato Russo, o que faço pra continuar acreditando, e insistindo? Isso é molecagem, medo. Não sou disso. Não me responda, Russo. A vida não vem com manual de instruçoes, lembro-me de ter lido isto em algum lugar. Pois bem, continuemos errante pelo mundo, sofrido coração. Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração. Assim pregava Carlos Drummond. Afoguemos-nos em frases ditas, lidas e ouvidas, em doces conversas, em nostalgicas lembranças, em inalcançaveis sonhos, em desesperadores desejos. Continuo, digo sim. A vida é curta, e só temos duas escolhas a fazer: curta o momento, ou jogue-se sobre seu futuro. Talvez eu acabe em suicidio amoroso, porem nao me arrisco mais a sair caçando amores mil. Lutarei por voce uma vez mais. Tolo é quem não insiste ao menos um bocado.